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domingo, 5 de junho de 2011

IKÚ

Não sei lidar contigo, se morro eu a cada outro que morre e leva um pedaço de mim e da vida que há de renascer, mas naquele momento, inevitavelmente, morreu.
Não sei o que dizer se também nunca soube o que queria ouvir quando era eu quem precisava do consolo de um outro por causa de um terceiro levado de mim, da vida que é minha, mas morreu com ele.
Não sei como me portar se não sei como se porta quem está ali do lado quando no outro morre eu, que não vi, não lembro, não atentei ou não em importei com qualquer outro que não fosse o eu que parti.
Abraço? Beijo? Choro? Calo? 
Ah, não me dê trabalho, não me saia ainda mais caro que o preço carnal que lhe pago passando cheque em branco em dor. 

4 comentários:

Guellwaar Adún disse...

A morte, certeza única que temos, né, Gaby? Ronda a cabeça de todos/as os poetas que já li. É louco isso, porque quanto mais amamos e nos apegamos a vida, mas essa senhora de roxo anuncia-se como inevitável. Dizem que é coisa das Yás, dessa mesma que nós homens não podemos pronunciar. Dizem também que antes de Ikú, principal ajogun das mais velhas, elas enviaram outros para combater os odús encaminhados por Orumilá ao aiyê. O Ejó, é peçonhento, mas Orumilá combateu e venceu. O mesmo se deu com a fome, miséria, tristeza e doença, todos esses devidamente enfrentados por Orumilá, mas Ikú, o mais poderoso de todos, pode até ser procrastinado, mais sua missão 'cruel' e 'necessária' é implacável, devido sua obstinação. Li poucos poetas que tratassem tão bem do time, Oguncy e li e reli teu texto boquiaberto com tua capacidade extraordinária de tradução do mesmo, que como disse, não é simples. Sabe, as vezes acredito que estamos inaugurando um novo tempo para a literatura Negra, por favor, mantenha a escrita, bem como as postagens, em mim você já tem um leitor assíduo, e não esqueça de me marcar em suas publicações, eu autorizo... *sorria

MeL Adún disse...

É exatamente isso...

Valdíria Verdiano disse...

Dificíl encarar a morte seja ela de alguém ou seja de um sentimento. É um momento de dor profundo que só tem final em nós mesmos. Adorei a forma como você conecta as palavras! Vou ler sempre o seu blog!

Daza Moreira disse...

Lindo texto.
A primeira coisa que me chamou atenção em seu blog foi o nome Ashanti que, graças as energias desse mundo, é meu terceiro nome e um dos que eu mais gosto. E como nada é em vão, eu havia postado há 1 dia um texto em meu blog sobre o significado que meu nome deu a minha vida. Seu espaço tá de parabéns e, caso queira conferir o meu: http://dazamoreira.blogspot.com/