Uma
homenagem a Mãe Gilda de Ogum, que representa todos os adeptos de religiões de matrizes africanas que passaram e passam por situações de
opressão no exercício de sua fé. Esse foi o fundamento da edição da Lei
que decreta que o dia 21 de Janeiro é o Dia Nacional de Combate à
Intolerância Religiosa.
Apesar do episódio emblemático que deu
origem à data e que é apenas um dos exemplos dos muitos ataques que os
religiosos de matrizes africanas passam, combate à intolerância
religiosa exige que façamos uma reflexão minuciosa no nosso dia a dia.
Certa feita um amigo me perguntou por que
eu não aceitava os folhetos que os evangélicos distribuíam. Apesar de
haver quem entendar ser “intolerância às aversas” (esse negócio de
preconceito invertido pegou mesmo!!!), não o é. O fato é que, ao
distribuir aquele folheto, aquele religioso cristão está querendo me
vender o Deus dele e Deus não se vende, pelo menos não na minha
religião que é a religião dos escolhidos. E entendam por escolhidos
todos aqueles africanos em diáspora (ou não) que sentem e tem a
presença espiritual advinda de um ilê, centro de mesa branca, abassá ou
o que o valha. Os escolhidos, para nós, não são os salvos do juízo
final e sim os prestigiados pela herança africana ancestral.
De todo modo, voltando ao assunto, a
questão é que eu não preciso daquele folheto se eu não estou à procura
de um Deus nem de uma salvação, posto que já estou salva. Na verdade,
acho insulto. No momento em que você tanta convencer o outro da
perfeição e imprescindibilidade de seu Deus você está negligenciando e
menosprezando toda e qualquer outra forma de manifestação de crença no
divino. A propósito, eu não ando distribuindo contas por ai.
O dia 21 de janeiro representa cada
conta que colocamos no pescoço, cada sexta-feira que vestimos branco, cada
benção que a gente pede e cada cristianização que a gente rejeita.
Afinal, todos nós viemos de um histórico de cristianização natural no
país em que nascer e ser batizado faz parte da trajetória de qualquer
criança e a opção religiosa só vem depois da crisma, quando se faz a
primeira decisão: continuar o não católico; e, só depois, se pergunta
e se dá a oportunidade de experimentar outras faces do divino.
Se Jesus Cristo morreu para a redenção
de seus filhos, Mãe Gilda de Ogum morreu em prol de nossa libertação
mental das garras das instiuições e sociedade racista e perseguidora
das religiões de matrizes africanas.
Que Ogum mesmo esteja conosco, abrindo nosso caminhos.
Que Ogum mesmo esteja conosco, abrindo nosso caminhos.
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